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Maior Congresso Científico de Cirurgia Bariátrica e Metabólica da América Latina acontece em Salvador

As novas tendências e tecnologias no tratamento da obesidade grave e da síndrome metabólica estão sendo apresentadas, em Salvador, a partir desta desta quinta-feira (27), no XXII Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. 

O evento – que reúne aproximadamente 2.500 profissionais – entre cirurgiões, endocrinologistas, nutricionistas, educadores físicos, psicólogos e outros profissionais –  traz à tona dados recentes sobre aumento da obesidade entre adultos e adolescentes, inclusive já com indicação para cirurgia bariátrica. 

Outra novidade é a mudança nos critérios de indicação da cirurgia bariátrica, que há mais de 30 anos são os mesmos. Para 2023 o Conselho Federal de Medicina já está discutindo a ampliação da indicação para a cirurgia bariátrica para pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) a partir de 35 kg/m², sem a presença de qualquer doença e para pacientes com diabetes fora do controle e  IMC maior que 30.

O aumento da obesidade – especialmente pós-pandemia – tem preocupado especialistas em todo o mundo. Os dados mais recentes apontam que cerca de 88,1% da população tem sobrepeso ou obesidade até 2060″, afirma o presidente da SBCBM, Fabio Viegas.

Já os gastos, diretos e indiretos com as doenças associadas à doença, estão estimados em US $218 bilhões, segundo  novo estudo, publicado  na revista científica BMJ Global Health, e que avaliou os impactos econômicos do excesso de peso em 161 países. A estimativa dos pesquisadores é de que esse montante representará 4,66% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2060, o 48º maior percentual entre os países analisados. 

De acordo com o estudo, em 2019 a prevalência de sobrepeso e obesidade no Brasil era de 53,8% da população e gerava impacto econômico de US$ 37,1 bilhões (cerca de R$190 bilhões). “Estamos reforçando a necessidade de ampliar o acesso ao tratamento precoce para pacientes, antes que o excesso de peso resulte em outras doenças mais graves como esteatose hepática (gordura no fígado), cirrose hepática não alcoólica, problemas nas articulações e outras”, completa Viegas.

Número de Cirurgias bariátricas 

Paralelamente ao aumento da obesidade, durante a pandemia, houve uma queda  em 85% no número de cirurgias bariátricas no Brasil. Com isso, muitos estados tiveram suas filas de espera ampliadas.

Nos últimos cinco anos foram realizadas 311.850 mil cirurgias bariátricas pelos planos de saúde e pelo SUS (Sistema Único de Saúde). 

Destas 252.929 cirurgias, segundo dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), foram realizadas através dos planos e 14.850 foram feitas de forma particular. Deste total, 44.093 procedimentos foram realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde), sendo  apenas 115 procedimentos realizados na Bahia neste mesmo período, conforme dados do DATASUS. 

BAHIA  

No estado baiano existem serviços diferenciados de cirurgia bariátrica, sendo um pela rede estadual e outro pela rede municipal. Um dos precursores da cirurgia bariátrica na Bahia, o cirurgião Marcos Leão Vilas Bôas, alerta para o fato que a cirurgia por videolaparoscopia, incorporada apenas no ano passado pela rede pública, representa um grande avanço para a população.

“Desde 1999 realizamos a cirurgia por vídeo, enquanto no sistema público era feita de forma aberta. A incorporação desta tecnologia para o paciente do SUS é fundamental, tendo em vista a sua rápida recuperação e menores índices de complicações”, reforça Marcos Leão.

O Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (CEDEBA) – Unidade de Referência Estadual do SUS, que há 24 anos atua no tratamento da obesidade na Bahia –  informa que em 2006 haviam 328 pacientes inscritos no Programa e apenas 3 foram operados. Em 2007 o número de inscritos saltou para 651 e seis foram operados.  Atualmente o programa conta com 4 mil matriculados e 750 encontram-se em pós-operatório. O Centro também promove a busca ativa dos pacientes que fizeram a cirurgia mas que abandonaram o retorno com a equipe multidisciplinar.

Divergência 

No entanto, os dados do Ministério da Saúde, via DataSus, apontam a realização de 151 procedimentos no estado nos últimos cinco anos.

Segundo resposta oficial da Secretaria Estadual da Saúde de Salvador, atualmente o Hospital Universitário Professor Edgard Santos, sob gestão do estado, é o único habilitado para realização de cirurgias bariátricas pelo Ministério da Saúde. Neste serviço foram realizadas 45 cirurgias bariátricas entre os anos de 2018 e 2021.

Já a gestão municipal passou a financiar com recursos próprios a realização de cirurgias bariátricas no Hospital Municipal de Salvador. Entre dezembro de 2020 e agosto de 2022, 352 cirurgias bariátricas foram realizadas pelo município.

Ambas as secretarias de saúde informam que não têm registro formal da fila de pacientes que aguardam a cirurgia bariátrica. “Não existe fila de espera para cirurgia bariátrica, visto que no núcleo de obesidade do CEDEBA os pacientes são liberados e encaminhados para a cirurgia bariátrica à medida que são avaliados e preparados pela equipe multidisciplinar do núcleo de obesidade”, informa o documento.

Programação 

O Congresso Brasileiro de Cirurgia prossegue até sábado (20) e a programação inclui mais de 220 mesas redondas, 273 palestrantes e cinco cursos para cirurgiões da região. Entre os temas estão a cirurgia em idosos e adolescentes, cirurgia robótica, dietas para pacientes veganos, compulsão e as técnicas mais eficazes para determinados tipos de pacientes estão entre os temas. 

Serviço

XXII Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica

Data: 27 a 29 de outubro de 2022

Local: Centro de Convenções Salvador (Av. Octávio Mangabeira, 5.490 – Boca do Rio, Salvador – BA)

Informações no site oficial.

Foto: Will Recarey e Roque Holanda