Cada vez mais as mulheres têm conquistado espaços nas mais diversas áreas.. No mundo dos negócios não tem sido diferente, quebrando as barreiras sociais de gênero, o número de mulheres empreendedoras no Brasil chegou a uma marca histórica, segundo a última pesquisa do Sebrae realizada em 2022 com base em dados do IBGE. No terceiro trimestre do ano, mais de 34% dos empreendedores eram o público feminino, o que corresponde a 10,3 milhões de mulheres donas de negócios no país.
No concurso Comida di Buteco não é diferente, pelo menos 12 butecos participantes em 2023 têm gestão feminina. Entre eles o Bar das Meninas, Bistrô dos Artistas, Boteco da Magaly, Casa da Carmen, Fuzarka Bar, Mocambinho Bar, O Peruano, Quiosque Lua de São Jorge, Reunião Bar e Restaurante, Rita da Lambreta, Rose’s Bar e Sabor Nordestino.
Para Maria Eulalia, sócia e criadora do CdB, foi perceptível esse crescimento das mulheres à frente dos negócios ao longo do tempo, assim como a participação feminina como frequentadores de butecos. “O buteco tradicionalmente é reconhecido como um lugar muito masculino. Quando começamos a fazer o Comida di Buteco, no ano de 2000, éramos eu e dois sócios homens à frente do projeto. Com o crescimento do concurso, fomos percebendo que dentro desse universo existiam mulheres super guerreiras que estavam ali também, muitas vezes sendo a própria fundadora do estabelecimento ou parceira nisso. Nessas 23 edições foi notável que cada vez mais havia um número maior de mulheres frequentando butecos, e mulheres como empreendedoras desse locais, muitas delas também esposas, filhas dos donos, que começaram a ocupar a gestão dos comércios.”
Participando do concurso em Salvador há 16 anos, Eliene Cunha, proprietária do Bar Koisa Nossa, diz que é o momento das mulheres conseguirem visibilidade na gestão dos butecos. “Estou à frente da cozinha há quase 40 anos e participo do Comida di Buteco desde a primeira edição, onde já fui campeã e vice. Esse ano nós precisamos mostrar ainda mais a força da mulher na cozinha e nos negócios, fazer um belo concurso dando visibilidade a mulherada.”
Mesmo com todos os desafios, as mulheres têm se mostrado inovadoras, resilientes e capacitadas na gestão dos seus empreendimentos. De acordo com o Instituto Rede de Mulher Empreendedora, o Brasil ocupa o 7º lugar no ranking mundial do empreendedorismo feminino.
Magali é proprietária do Boteco da Magali e está no concurso pela primeira vez. A botequeira comenta que mesmo sendo mãe, sempre tomou conta do seu empreendimento. “Sempre estive à frente do meu negócio. Comecei como cozinheira numa barraca de praia e hoje tenho o buteco como meu negócio. Sou mãe, mas sempre cuidei do bar também e agora estou pela primeira vez no Comida di Buteco. É muito importante pra mim estar nesse concurso, uma experiência incrível que eu estou encarando. É mais um desafio e mais uma responsabilidade que envolve meu trabalho, que é o que me mantém. E nesses primeiros dias do CdB muita gente que eu nunca vi vem visitar o bar e me conhece também, isso é muito bom.”, conta.
Maria Eulalia comenta que ver o público feminino à frente de tantas coisas, é a certeza de conquistar o que é de direito enquanto mulher. “Na trajetória desses 23 anos do CdB é muito bonito a gente assistir o reflexo do que a gente tá vendo na sociedade, que é a mulher ocupando o seu espaço. Um local que é dela, e mais que ocupando, se apropriando da própria capacidade, potência e competência de ser realizadora, além de mãe, irmã, esposa e filha. A multiplicidade de potência que nós mulheres temos nesse universo de buteco, sobretudo os butecos que se caracterizam dentro do Comida di Buteco, que não é de rede ou franquia, mas aquela pessoa dona que tá ali a frente na resistência, ver a mulher a frente disso é ter a certeza que estamos trilhando o caminho de conquistar o que já é nosso enquanto mulher”, finaliza.
Foto: Boteco da Magali_Bolinho de Rabada Nordestina__Romulo