O setor de bebidas alcoólicas permanece em crescimento no Brasil. De acordo com Credit Suisse, o mercado terá uma recuperação “suave” no quarto trimestre de 2022, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
O aumento no setor está associado ao comportamento do brasileiro que passou a consumir mais durante o período de pandemia da Covid-19 e, consequentemente, ao investimento em estrutura das grandes e médias empresas para entregar um melhor produto ao público.
Na Bahia, a empresa Lemavos, produtora do Licor Braseiro, da cidade de Santo Antônio de Jesus (BA), conquistou o selo de Agricultura Familiar no ano passado por sua contribuição à economia brasileira, se destacando no mercado de bebidas alcoólicas baiano por sua produção e investimento visando o crescimento.
Diego Lemos, sócio fundador e gestor da empresa, conta que para esse crescimento e reconhecimento, antes de tudo, é necessário estudo e conhecimento do produto ao qual se propõe trabalhar.
O produtor recorda que na produção dos tradicionais licores juninos, quando a Lemavos iniciou seu caminho de inovação, a tradição de produção de licores já estava na família há mais de 50 anos.
“Neste período a produção era totalmente artesanal: uso de prensas de madeira; tanques de plástico; filtragem com pano; não havia controle de acidez ou açúcar; não possuía registro no Ministério da Agricultura, equivalente ao alvará da vigilância sanitária e que é obrigatório para produtores de bebida alcoólica, dentre muitos outros fatores”, conta.
Diego ressalta que foi por meio de projetos de inovação financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahua (FAPESB) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que a empresa profissionalizou toda a produção, desde a orientação do produtor rural sobre o armazenamento e transporte da fruta, passando pelo desenvolvimento de equipamentos adequados para o processamento das frutas, padronização das receitas até o engarrafamento e armazenamento adequados.
O gestor destaca que neste processo foram contratados diversos profissionais, a exemplo de uma química para estudar as receitas artesanais e padronizar; duas engenheiras agronômicas para estudar o cultivo, colheita e transporte das frutas e suas variedades; físicos e engenheiros mecânicos para desenvolver e equipamentos; e estudantes de engenharia de produção para profissionalizar o processo produtivo.
“Além de contarmos, hoje, com diversas instituições que fazem parte da rede de apoio, a exemplo da UFBA, IFBA, UFSB, BNB, IESB, LNF, SENAI CIMATEC, Embrapa Uva e Vinho e entre outras”, salienta.
Diego Lemos conta que a ciência utilizada pela Lemavos para gerar inovações nas bebidas é explícita aos clientes, mas há aquela que não se vê. Em 2021 a empresa iniciou um projeto financiado pelo CNPq e FAPESB, em parceria com a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), para desenvolver ração a partir de coprodutos da fabricação dos licores.
Em 2022 o gestor revela que serão lançados diversos destilados de frutas tropicais (caju, jenipapo, cacau e jabuticaba), além de vodca feita a partir de plantas e frutas tropicais e o tradicional rum. “Este lançamento vem atender a uma demanda antiga dos clientes: um licor sem açúcar”, declara.
O sócio fundador acrescenta que apesar de não ser possível lançar um licor sem açúcar, visto que a legislação obriga que uma bebida identificada como licor deve ter açúcar, com os destilados de frutas foi possível lançar bebidas alcoólicas com o mesmo aroma das frutas que fazem os tradicionais licores juninos, mas sem açúcar. “Em todos os sabores é marcante o aroma natural da fruta”, ressalta.
Diego complementa falando que outro fator importante destes lançamentos é o grau de inovação. “Há alguns anos que o setor de bebidas destiladas não lança algo realmente novo. O gin, que é a sensação do momento, existe há mais de 100 anos. Neste sentido, a Lemavos garante que vem mais lançamentos pela frente”, finaliza.
Foto: Divulgação
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